sábado, 12 de maio de 2012

A pensar em tudo um pouco e num pouco de nada!

Ai estes dias de impotência que mal me fazem... atiram-me para as ruas dos pensamentos dúbios, das hipóteses obtusas, das irracionalidades categóricas, de todas aquelas emoções sem sentido, às quais tentamos por rédeas quando nada mais nos resta... ai esta melancolia que passa a frenesim em segundos, nesta minha inconstância de estar sem estar, e de querer sem poder... como queria esmiuçar esta pessoa e aquela, e perceber se ela me queria dizer isto ou aquilo, perceber se ela tem alguma coisa dentro ou não passa de uma grande carapaça decorada por fora... como queria ter mais tempo para observar tudo, para dizer tudo, para perguntar tudo o que queria. para questionar sem me limitar a pensar que talvez esteja a demonstrar mais do que quero... que às tantas aquela pessoa até é mais do que aquilo que imagino, ou que a outra é menos e simplesmente nunca se chegou a partir aquela figura idealizada, que teve a sorte de nascer num belo efeito de primazia que não se quebrou... e como é que às vezes as pessoas nos parecem tão básicas e previsíveis e outras, nos surpreendem por completo, nos deixam ali entre a esquina e a cortada sem saber sequer que caminho queríamos seguir, e se as queremos ou não seguir...
A contemporaneidade é um sítio estranho para se estar, a moda assusta-me, a musica por vezes também... e parece haver um certo conformismo alheado a tudo o que há de mais negativo e menos interessante, e até face ao mais interessante e trabalhoso, no primeiro caso a política e a economia, que descambam facilmente em comentários absurdos desinformados mas criticistas, e no segundo caso "interessante e trabalhoso" temos a literatura e as artes, cada vez mais desprezados mas mantidos um boa conta numa espécie de casaco de peles abominável, mas que fica sempre bem ter no armário... às vezes não me entendo por aqui, entre os falsos moralismos e os constantes julgamentos de valor, por pessoas incongruentes e moralmente esvaziadas de qualquer ideal ou crença própria, que não aquela apregoada em redor... sinto-me estranha nesta pele estupidamente transparente, e num corpo óbvio e desbocado, e vejo a minha tão apregoada trapalhice com as coisas, ir contra as pessoas, num atabalhoado discurso, que me parece completamente fora desta realidade... porque afinal parece que já não há pessoas assim, então o que sou eu? Alguma peça de museu que ficou caída numa qualquer sala de exposições desmantelada?!

A pensar em tudo um pouco e num pouco de nada!

J.