terça-feira, 14 de agosto de 2012

Perigo público - Insanidade

O post anterior parece ter ganho toda uma outra dimensão agora... as desilusões sucedem-se e eu sinto-me cansada por lutar contra a maré. A sinceridade parece cada vez mais ultrapassada e meaningless, as amizades que julgava sólidas parecem agora tecidos esfarrapados a esvoaçar no estendal, e dou por mim a pensar se os trago para dentro novamente, ou os deixo voar para longe, onde o desgosto não chega e o coração não sente... não entendo como é que as pessoas deixam suposições e inferências mal fundamentadas, sabotar uma amizade, e nem tentam perceber qual é a verdade... e assim, anos de bons momentos são substituídos rapidamente por novos "moveis" pré-construídos, afinal é preciso actualizar-se e este modo é mais rápido e prático! E não é para isso que temos de estar preparados? A contemporaneidade implica uma enorme capacidade de adaptabilidade, é preciso ser rápido e eficaz e há uma constante procura da satisfação imediata de prazeres, o egoísmo é disfarçado pela necessidade de vencer na vida e "vale tudo" e temos de "fazer pela vida" passando por cima de quem quer que seja (pelo menos é o que nos dizem)! O marketing responde a isso mesmo, diz-nos o que queremos, o que precisamos, o que é melhor para nós, sempre a bajular o ego inflamado, e as pessoas agem em conformidade, na vida delas e na interacção com os outros, deixando-se levar pelo prazer imediato de um momento, e pensando nas consequências dos seus actos depois, ou  não pensando de todo, afinal "a vida são dois dias" e esta desculpa fica sempre bem para fazermos asneira, e depois atirar a areia pra baixo do tapete e seguir em frente.

Há outra coisa que acho muito engraçado, é a questão das pessoas acharem que sabem o que nós sentimos, e presumirem aquilo que queremos, depois falam para quem não devem, e está a tenda montada! Ninguém percebe de facto o que realmente vai dentro de nós, no meu caso muitas vezes nem eu percebo... e acho um espectáculo quando reparo que os outros acham que sabem mais que eu, falam daquilo que eu quero e que sinto como se fosse um dado adquirido!! Os meus sentimentos a mim pertencem, são um emaranhado de memórias, angústias e tristezas, entre outras emoções lancinantes que de vez em quando me atacam sem esperar... e no meio das minhas inseguranças, afasto-me muitas vezes daqueles que gosto, para não os magoar com as minhas acções, mas realmente essa atitude é difícil de compreender, tendo em conta que cada vez mais as pessoas agem sem pensar minimamente no impacto que isso tem nos outros, desde que as satisfaça momentaneamente.


Há uma clara crise de valores, uma inflação no egoísmo e uma descida exponencial na qualidade das relações humanas... pra estes problemas é que devia haver medidas de contenção, caso contrário a insanidade mental passa a regra e começa tudo a matar-se uns aos outros.

J.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

As Pessoas.

As pessoas têm-me surpreendido bastante... nem sempre pela positiva claro, às vezes nem pela negativa, apenas fazem algo diferente e inesperado... às vezes acho que não percebo nada de pessoas, que não as compreendo de todo e que não sou como elas - outras vezes, acho-as profundamente previsíveis, aborrecidas e repetitivas, e algumas... simplesmente desinteressantes. Há ainda aquelas que são surpreendentemente voláteis, ou apenas capazes de coisas nas quais ainda não nos tínhamos demorado a pensar. Passamos anos a achar que conhecemos alguém, no entanto, não precisamos de ir muito longe para ouvir uma opinião dessa pessoa completamente oposta àquilo que sempre acreditámos... a questão é,: haverá, efectivamente, uma versão correcta dos factos? não será a pessoa um conjunto de tudo isso? do bom e do terrível? Mas e se aceitarmos isto como verdade, estamos dispostos a aceitá-lo de facto? Que o nosso amigo, diante de nós, é a pessoa boa, e a terrível de uma mesma história?? 
O problema é que os contos de fadas sempre nos distinguiram claramente o bom e o mau da fita, sempre fizeram um óptimo papel a colocar-nos do lado do herói e contra o abominável inimigo. Mas e quando os dois habitam no mesmo ser, por qual torcemos?? A razão porque temos amigos, é porque conseguimos ver sempre a prevalência do bem, sobre o mal... mas por vezes, mesmo essa visão é posta em perspectiva.... quando nos sentimos de alguma forma traídos, enganados ou ludibriados por alguém em quem confiamos... mas em ultima instância, esses conceitos não passam disso, de conceitos... a traição e o engano dependem dos olhos de quem vê, das interpretações de quem sente, e das intenções que tantas vezes ficam por dizer... então chego por vezes à conclusão, que esse caminho a nada me leva, a realidade é uma ilusão presa no foco dos nossos olhos, que nos mostra o que queremos ver, e por vezes os nossos ouvidos indicam outra direcção.. enquanto o coração, esse trai-nos há menor hesitação, disparando desafogadamente no momento mais indesejado...
Desiludem-me as pessoas, desilude-me a falta de coragem e de sinceridade, a fácil entrega a caminhos encantados, a mentira branca na ponta da língua, que não sei se é pra eles se para mim... desilude-me também a minha compassividade com tudo isto, as minhas falhas perante o que eu própria defendo, mas quando isso acontece, volto atrás e começo de novo... Cansam-me as pessoas enquanto me surpreendem... ora com incongruências, ora com desafiantes afirmações, que lá ressaltam no meio de uma torrente de gente, que corre para o seu fim, sem saber para onde vai. 

Às vezes, juro que penso mesmo que não sei nada de pessoas, porque nunca são aquilo que esperamos delas... nunca.

J.