sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Espero-te sem te esperar.

Sinto por vezes no meu corpo a falta de qualquer coisa que não sei explicar, uma sensação semelhante àquela que nos trespassa quando vamos de viagem e sabemos que nos esquecemos de alguma coisa... fica como que uma impressão, não sei se entre os dedos se na ponta deles, e permanece um formigueiro, até nos esquecermos que nos esquecemos ou nos conformarmos com termos esquecido... dou por mim a pensar nisso que me falta, nesse vazio que vezes sem conta se instala em mim sem me saber dizer o que quer dentro... acho que me falta algo de novo, uma pessoa nova, um rascunho, um começar de novo com todas as perguntas tolas, com tudo aquilo que há de belíssimo nesse jogo de descoberta, quando o olhar é tão intenso que sabemos não haver erro possível que nos aparte... sinto a falta deste ser que ainda não conheço mas espero ansiosamente que me venha conhecer, que me apanhe desprevenida numa tarde qualquer, que me arrebate com perguntas pseudo-intelectuais, que diga coisas sem sentido, que eu não me importe, que ele queira saber tudo sobre mim, que deixe o café arrefecer na sua chávena a ouvir-me falar, e que tudo lhe agrade enquanto aos seus olhos brilhantes se perdem pousados nos meus. 
Espero-te mesmo nas noites em que sei que não te vou ver, mas nas quais vou pensando em tudo o que iremos viver, todas as histórias que te irei contar e tudo o que quero mostrar-te de mim quando finalmente me encontrares.

J.


1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho para mim que o sentimento “falta de qualquer coisa” se prende, também, com o facto da atenção ao detalhe fazer de nós pessoas melhores. Perfecionismo é uma qualidade. Ainda assim, talvez falte o sentido romântico no pequeno pormenor. O partilhar as olheiras, o mau-hálito matinal, as ramelas, os bocejos. Partilharmo-nos no nosso estado mais vulnerável. Mais uma vez, parabéns por mais este intelectivo texto partilhado.
BC